A origem do Convento de Nossa Senhora da Pena, implantado num dos cumes mais elevados da Serra de Sintra, perde-se na noite dos tempos. O interesse pelo local onde hoje se ergue majestosamente o Palácio da Pena remonta à época Medieval, altura em que segundo a tradição, teria ocorrido uma aparição da Virgem, tendo-se aí edificado então uma pequenina ermida dedicada a Nossa Senhora da Pena, na qual, por ordem de D. João I, os priores da Igreja de Santa Maria de Sintra celebravam missa todos os sábados. A devoção régia a este orago encontra-se bem documentada. Em 1493, veio D. João II a esta ermida com D. Leonor, sua mulher, pagar um voto à Senhora da Pena, mas foi D. Manuel I quem lhe dedicou especial afeição. Por sua ordem, no ano de 1503, efetuaram-se terraplanagens e edificou-se, um acrescento a ermida. Também D. João III e D. Catarina expressaram aqui os seus votos.
O impressionante e surrealista Palácio da Pena em Sintra, foi uma das principais residências da família real Portuguesa durante o século XIX, e é um dos melhores exemplos do estilo romântico em Portugal. Por ter sido residência de verão da realeza, encontram-se no seu interior numerosas coleções reais que se trasladaram para o palácio e ao mesmo tempo foram criados ricos ornamentos, desde os célebres revestimentos de tapeçaria até às paredes pintadas a óleo. O palácio é uma das razões pela qual Sintra foi declarada Património da Humanidade pela UNESCO, este assenta sobre grandes penhascos no monte da Pena e foi construído no lugar onde se encontrava um antigo convento de frades da Ordem de São Jerónimo. Apresenta uma mistura de estilos arquitetónicos totalmente intencional. Podem-se encontrar elementos pertencentes ao neogótico, neomanuelino, neoislâmico, neorrenascentista e em menor escala à arquitetura colonial. Isto deve-se ao facto da mentalidade romântica do século XIX se encontrar enormemente fascinada por tudo o que era exótico.
Dentro do palácio há várias divisões decoradas, como os salões e os quartos reais tal como eram há dois séculos atrás, apesar de infelizmente não ser possível tirar fotografias. No palácio há muitos lugares a partir dos quais se podem ter vistas fantásticas de Sintra e arredores, como os seus belos jardins que são sem dúvida um lugar recomendado para visitar. O Palácio Nacional da Pena localiza-se na vila de Sintra, freguesia de São Pedro de Penaferrim, concelho de Sintra, no distrito de Lisboa. Representa uma das melhores expressões do Romantismo arquitetónico do século XIX no mundo, constituindo-se como o primeiro palácio neste estilo em toda a Europa, erguido cerca de 30 anos antes do carismático Castelo de Neuschwanstein, na Baviera, Alemanha.
Em 7 de Julho de 2007 foi eleito como uma das Sete maravilhas de Portugal. A primitiva ocupação do topo escarpado da serra de Sintra onde se localiza o atual Palácio ocorreu com a construção de uma pequena capela dedicada a Nossa Senhora da Pena, durante o reinado de João II. No século XVI, Manuel I de Portugal no cumprimento de uma promessa, ordenou a sua reconstrução de raiz. Doou-a à Ordem de São Jerónimo, determinando a construção de um convento de madeira, e substituindo-o um pouco mais tarde, por um edifício de cantaria, com acomodações para 18 monges. No século XVIII a queda de um raio destruiu parte da torre, capela e sacristia, danos que foram agravados com a decorrência do terramoto de 1755, que deixou o convento em ruínas, apenas a zona do altar-mor na capela, com um magnífico retábulo em mármore e alabastro atribuído a Nicolau de Chanterenne, permaneceu intacta.
No século XIX a paisagem da serra de Sintra e as ruínas do antigo convento maravilharam o Rei-consorte Fernando II de Portugal, que em 1838 decidiu adquirir o velho convento, toda a cerca envolvente, o Castelo dos Mouros bem como quintas e matas circundantes. No que dizia respeito à área do antigo convento, promoveu-lhe diversas obras de restauro, com o intuito de fazer do edifício a sua futura residência de Verão. O novo projeto foi encomendado ao mineralogista germânico Barão von Eschwege, arquiteto amador. Homem viajado, Eschwege, que nascera em Hessen, deveria conhecer pelo menos em forma de projeto, as obras que Frederico Guilherme IV da Prússia empreendera com o concurso de Schinkel nos Castelos do Reno, tendo passado em viagem de estudo por Berlim, Inglaterra, França, Argélia e Espanha. Em Sintra, os trabalhos decorreram rapidamente e a obra estaria quase concluída em 1847, segundo o projeto do Alemão, mas com intervenções decisivas ao nível dos detalhes decorativos e simbólicos do Rei-consorte. Muitos dos detalhes, no plano construtivo e decorativo, ficaram a dever-se ao eclético e exótico temperamento romântico do próprio monarca que, a par de arcos ogivais, torres de sugestão medieval e elementos de inspiração árabe, desenhou e fez reproduzir na fachada norte do Palácio, uma imitação do Capítulo do Convento de Cristo em Tomar.
Após a morte de D. Fernando, o palácio foi herdado pela sua segunda esposa, Elisa Hendler, Condessa de Edla, o que à época gerou grande controvérsia pública, dado que se considerava já o histórico edifício como um monumento Nacional. A viúva de D. Fernando procurou então chegar a um acordo com o Estado Português e recebeu uma proposta de compra por parte de Luís I de Portugal em 1889 em nome do Estado, que aceitou, reservando então para si apenas o Chalé da Condessa, onde continuou a residir. Com essa aquisição, o Palácio passou para o património nacional português, integrando o património da Coroa. Durante o reinado de Carlos I de Portugal, a Família Real ocupou com frequência o Palácio, tornando-se a residência predileta da Rainha D. Amélia, que se ocupou da decoração dos aposentos íntimos. Aqui foi servido um almoço à comitiva de Eduardo VII do Reino Unido, aquando da sua visita oficial ao país, em 1903.
Após o regicídio, a Rainha D. Amélia retirou-se ainda mais para o Palácio da Pena, rodeada das amigas e dos seus cães de estimação. Aqui recebia com alguma frequência a visita do filho, Manuel II de Portugal, que nele tinha os seus aposentos reservados. Quando rebentou a revolta de 4 de Outubro, em 1910, D. Amélia aguardou na Pena o evoluir da situação, chegando a subir aos terraços com a sua comitiva para observar sinais dos combates em Lisboa. No dia seguinte, partiu ao encontro de D. Manuel, em Mafra, voltando na mesma tarde ao Palácio da Pena, onde passou a noite de 4 para 5 de Outubro, a última que passou em Portugal antes da queda da Monarquia. No dia seguinte, conhecido o triunfo da República, partiu de novo para Mafra, ao encontro do filho e da sogra, de onde partiriam todos para o exílio. Com a implantação da República Portuguesa, o palácio foi convertido em museu, com a designação oficial de Palácio Nacional da Pena. Em 1945, a rainha D. Amélia, de visita a Portugal, voltou ao Palácio da Pena, onde pediu para estar sozinha durante alguns minutos, era o seu Palácio predileto. Atualmente o Palácio da Pena constitui um dos mais deslumbrantes estabelecimentos museológicos do País, encontrando-se tanto o imóvel, como o seu recheio, praticamente intactos.
«Hoje é o dia mais feliz da minha vida. Conheço a Itália, a Sicília, a Grécia e o Egipto, e nunca vi nada, nada, que valha a Pena. É a coisa mais bela que tenho visto. Este é o verdadeiro jardim de Klingsor e, lá no alto, está o Castelo do Santo Graal.» - Richard Strauss.
A Lenda das pegas
No Palácio Nacional de Sintra existe uma sala cujo teto está pintado com diversos desenhos de pegas. Diz-se que o Rei e a Rainha que lá viviam nessa época fizeram casar mais de um cento de mulheres, entrando na conta as que com ele próprio se tinham casado, seguindo tão bons exemplos. Não havia uma ligação ilícita, nem um adultério conhecido, a corte era como uma escola. D. Filipa, pregando ao peito o seu véu de esposa casta, com os olhos levantados ao céu, não perdoava, era terrível na sua mansidão e trazia o marido sobre um domínio espinhoso. Certo dia, segundo reza a lenda, o Rei esqueceu-se do seu dever e furtivamente pregou um beijo na face de uma das aias, quando nisto apareceu de imediato acusadora e grave a Rainha casta e loira, sem dizer uma palavra, mas com um ar medonho de reprovação. D. João, sem jeito e titubeando, disse-lhe uma tolice: "Foi por bem!". A rainha saiu solenemente sem responder. Eram ciúmes? Não, ciúmes só sente quem está apaixonado, e não me parece que fosse o caso. Apenas sentia o seu orgulho ferido.
Rapidamente a notícia espalhou-se pelo palácio, e toda a criadagem andava com a frase "Foi por bem" na boca. Chateado com a situação, o Rei decidiu tomar uma iniciativa, mandou construir uma sala para a criadagem. Todos ficaram radiantes contando os dias que faltavam para a sala estar pronta. Finalmente chegou o dia, iam conhecer a sala. Qual não foi o espanto de todos ao verem que o teto da tal sala estava todo pintado com pegas, que tinham escrito no bico "Pour Bien". (traduza-se por bem). Ora digam lá se as lendas não são uma coisa maravilhosa com capacidade de se adaptarem a todos os tempos…
A Lenda do jardim da Lindaria.
O palácio da pena está rodeado de belos jardins, e um deles é o jardim da lindaria que segundo a lenda era o local para onde as mouras vinham sempre que saiam do banho, respirar a frescura do ar e o perfume embalsamado das flores. Uma dessas mouras enfeitiçou-se de amores por um cristão que ali escondido a observava. O seu marido, ao descobrir tal traição de imediato a, matou. Diz a lenda que ainda hoje, todas as noites a moura volta ao jardim em busca do cristão por quem se apaixonou, e que jamais terá sossego enquanto não o encontrar.
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